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O NOVO NORMAL

A mudança no comportamento das gerações: tecnologia de A a Z. No caso da Geração Z, a tecnologia teve papel fundamental em sua formação

Escrito por: Gustavo Caetano • Publicado em: 22/01/2021 - 09:02 • Última modificação: 28/10/2024 - 08:41 Escrito por: Gustavo Caetano Publicado em: 22/01/2021 - 09:02 Última modificação: 28/10/2024 - 08:41

Somos influenciados pelos acontecimentos de nosso tempo e por aqueles que nos antecedem. No caso da Geração Z, a tecnologia teve papel fundamental em sua formação. Entender de que forma essa influência se deu e que características gerou nesse grupo nos guiará em direção ao futuro e à próxima geração.

Popularização da internet, lançamento do Playstation, estreia dos sites de busca Google e Yahoo. Você sabe em que década esses acontecimentos ocorreram? Anos 1990. Mundialmente falando, um período de avanços científicos, tecnológicos e consolidação da globalização. Uma época propícia para o desenvolvimento e disseminação de eletrônicos e digitais.

Muitos dos avanços que ocorreram nos anos 90 foram impulsionados pela Guerra Fria (1947 e 1991), que apesar de todo o conflito político, ideológico e econômico entre Estados Unidos e União Soviética (URSS), resultou também em um saldo tecnológico e científico. Alguns exemplos são: a criação da NASA, utilização de satélites em sinais de telecomunicação e o surgimento da Internet, nos anos 60. Mas, naquela época, a tecnologia era restrita ao uso militar e só se tornou popular outras décadas mais tarde. No Brasil, podemos citar que ela foi disponibilizada para uso comercial em 1994.

Dessa maneira, diversas invenções começaram a emergir a partir do avanço tecnológico: as mensagens de texto SMS, o DVD, o Super Nintendo e a Google foram algumas das criações dos anos 90, e quem nascia naquele contexto começava desde muito cedo a “falar” a língua da tecnologia, a linguagem dos computadores, celulares, games e da internet. Para Marc Prensky, escritor americano e palestrante em educação, esses indivíduos são os nativos digitais, ou seja, aqueles que já nasceram imersos no mundo digital. Essa geração de nativos engloba também aqueles que fazem parte da Geração Z, que é a idade sociológica dos indivíduos que nasceram entre os anos 1990 e 2010.

Em linhas gerais, o conceito de gerações é definido por um grupo de pessoas que nasceram na mesma época e compartilham de hábitos, cultura, comportamentos e experiências de vida semelhantes. Alguns estudiosos afirmam que elas podem mudar a cada 25 anos, mas que este intervalo não deve ser levado como uma máxima para essas definições. Inclusive, a Geração Z é um exemplo de que não existe um consenso sobre o período do seu início, em outras literaturas, é possível encontrar esse começo definido também pelos anos 1995. Antes dos Zs, temos a Geração Y, que é formada por pessoas que nasceram a partir do ano de 1980, que podem ser chamados também de Millennials, outra fase de avanços tecnológicos e crescente globalização, mas no Brasil, período de certa instabilidade econômica.

A classificação das gerações não para por aí, a Geração X também foi estudada e engloba indivíduos que nasceram entre 1965 e 1978, são pessoas que trabalham bem em grupo e individualmente, e buscam a independência financeira desde cedo, eles também podem ser chamados de filhos dos Baby Boomers. “Baby Boom” significa explosão de bebês e é a geração composta por pessoas nascidas entre 1946 e 1964, um período de grande crescimento populacional do pós-Segunda Guerra Mundial. Antes disso, também podemos citar a Geração dos Veteranos ou Tradicionais que inclui pessoas que nasceram de 1922 até 1945, elas nasceram e viveram em períodos de guerra, por esse motivo tem um comportamento diferente das outras gerações, acreditam no trabalho em equipe, entretanto, são influenciados pelo modelo de militarismo ao exercer posições de liderança.

Com esses dados, é possível perceber que o comportamento de cada geração é influenciado pelos acontecimentos que as antecedem, que vigoram e que perduram, e vimos que a tecnologia teve um importante impacto nas últimas gerações, especialmente na Geração Z.

Não é à toa que o grupo de pessoas nascidas a partir de 1990 recebeu esse título. O “Z” vem do termo zapear, ou seja, mudar os canais de TV de forma constante e rápida. O termo “Zap” vem do inglês e pode ser traduzido como “fazer algo rapidamente”. É a geração da velocidade, eles aprendem rápido, são dinâmicos, exigentes e já nasceram acompanhando boa parte das tecnologias, são conectados e autodidatas. A Fast Company — uma revista sobre tecnologia — fez uma projeção que até o final de 2020 essa geração já representaria 40% dos consumidores, por isso é tão importante estudá-los, a fim de oferecer soluções e ferramentas que se adequem às suas necessidades e expectativas.

Eles são consumidores exigentes e querem conhecer os produtos antes de comprá-los, por isso, fazem pesquisas na internet e em redes sociais sobre o que vão adquirir, afinal, são nativos digitais e usam a rede para facilitar a vida e otimizar o tempo, também por isso são um dos públicos que mais usufruem do comércio eletrônico. Além disso, por gostarem da experimentação, as tecnologias de Realidade Virtual e Realidade Aumentada podem cativar ainda mais esses consumidores no e-commerce, já que por meio delas torna-se possível ter a sensação de “experimentar” uma peça de roupa, por exemplo. Atualmente, o eBay — um dos maiores sites de comércio eletrônico do mundo — possui um aplicativo de realidade virtual na Austrália. Para usufruir da tecnologia é necessário um smartphone e um óculos de realidade virtual. Neste assunto, cabe relatar que grande parte das vendas dos e-commerces acontecem pelos smartphones. Uma pesquisa feita pela Opinion Box, empresa de pesquisa de mercado, mostrou que 85% dos brasileiros com smartphone compram online. Outra estratégia que se mostrou eficaz para o comércio eletrônico foram as live commerces, que são transmissões de vídeo ao vivo, com apresentação de produtos de uma loja ou marca. O objetivo delas é a venda instantânea desses itens por meio de uma plataforma integrada com o e-commerce.

A forma de relacionamento e consumo dos Zs também foi muito influenciada pela crescente nos aplicativos, segundo um relatório de 2017 divulgado pelo site Mobile Time, essa geração passa em média 4h17 por dia na internet no celular e instala cerca de 9 aplicativos por mês em seus smartphones. Um relatório divulgado este ano pela companhia de análise de mercado mobile App Annie mostrou que os aplicativos mais baixados por eles, no quesito social, foram o TikTok, Snapchat e o Twitch. Mas não é somente para o entretenimento que essa geração tem utilizado as aplicações mobile, os apps de delivery de comida como o Ifood, Uber Eats, 99 Food e outros, fazem parte do dia a dia deles.

Além desses, devemos lembrar também o quanto os Zs utilizam os apps de economia compartilhada, no que diz respeito à mobilidade urbana. Em um cenário de crescimento desordenado dos grandes centros urbanos e aumento de veículos particulares motorizados, fez-se necessário pensar formas de garantir uma mobilidade sustentável, neste ponto, a tecnologia foi fundamental. Com auxílio das plataformas online, os aplicativos de mobilidade compartilhada passaram a fazer parte da vida dessa geração: carros, bicicletas e patinetes pertencem à rotina dessas pessoas. Ressalto que, apesar do serviço de mobilidade compartilhada mais popular no Brasil ter chegado em 2014, com a Uber, o conceito começou nos anos 60, na Holanda, por meio de bikes compartilhadas. Naquela época, não havia custo para utilizar as bicicletas, entretanto, o modelo não se mostrou sustentável, além de ter sido alvo de vandalismo. Mas hoje, com o avanço da tecnologia, podemos usufruir desses serviços e sobretudo, contando com usuários que têm o mindset de colaboração. Neste sentido, podemos ainda citar exemplos como o Airbnb, Dog Hero ou sites de financiamento coletivo como o Catarse e o Benfeitoria, todos esses impulsionados pelas plataformas digitais.

A mentalidade colaborativa da Geração Z vai além. Os coworkings são outro exemplo de como eles têm lidado bem compartilhando também o espaço de trabalho com pessoas de diferentes empresas e lugares, o termo cunhado pelo designer de jogos Bernie DeKoven, descreve um novo modelo de trabalho que estava em ascensão junto da tecnologia, e para quem pensa que os avanços tecnológicos poderiam afastar os trabalhadores, os coworkings vieram para mostrar que nem sempre será assim.

Fato é que essa geração é muito mais propensa para trabalhar em um modelo remoto. Segundo uma pesquisa divulgada pela Globo, apenas 16% dos Zs preferem trabalhar em escritórios corporativos, entretanto, a maioria deles, 38% afirmam que o local não faz diferença, seguido por 26% que prefere trabalhar em coworkings e outros 20% em home office. É preciso ficar cada vez mais atento aos anseios e hábitos dessa geração em relação ao mercado de trabalho, porque, segundo a Mckinsey, até 2022, eles representarão cerca de 10% da força de trabalho.

Como nativos digitais, lidam muito bem com a tecnologia no mercado de trabalho e mesmo que não desenvolvam diretamente uma atividade relacionada a ela, eles têm um bom desenvolvimento no assunto, aprendendo facilmente a manusear novos softwares e plataformas, além de serem mais abertos às mudanças de tecnologias. Além disso, com toda evolução tecnológica, novas possibilidades de carreira começam a surgir, e essa geração passa a considerar profissões que sequer existiam há alguns anos: UX design, gestor de mídias sociais, desenvolvedor mobile, analista de cibersegurança, até blogueiro, youtuber ou influenciador digital.

Os Zs valorizam também gestores e lideranças que sejam próximas e abertas ao diálogo. Além disso, ambientes diversos e colaborativos são mais apreciados. Essa combinação de predileções leva muitos a quererem trabalhar em startups, já que são ambientes mais dinâmicos, inovadores e ágeis. A agilidade é uma constante para a Geração Z, são imediatistas e autônomos e por isso, podem vir a ter mais facilidade em trabalhar com metodologias ágeis como o método Scrum e o Kanban.

Outra mudança de mentalidade em relação ao trabalho diz respeito às expectativas em relação às empresas contratantes, uma pesquisa da Deloitte mostrou que 38% espera que as empresas também se preocupem com a saúde do funcionário, incluindo um bom ambiente de trabalho. Outros 34% esperam alguma atividade relacionada a mentoria ou treinamento. Isso mostra que são pessoas que querem desenvolver suas carreiras e acreditam que o aprendizado faz parte desse processo.

Sobre esse assunto, vale salientar, que a forma de aprender dos Zs também se modificou, ela acontece de forma mais acelerada, eles são autodidatas e muitas vezes, aprendem sozinhos diversos conteúdos com o auxílio da internet. Além disso, o ensino a distância também foi um facilitador, por meio de plataformas EAD é possível absorver o conteúdo e interagir com colegas e professores. Segundo o último censo (2018/2019) Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), a modalidade EAD no Brasil soma 9 milhões de estudantes.

Então, o que esperar da Geração Z e como lidar com ela?

No âmbito educacional, voltarei a citar Marc Prensky, que, além de apresentar o conceito de nativos digitais, traz também quem seriam os imigrantes digitais, ou seja, aqueles que nasceram antes das tecnologias. No caso da educação, os professores. O escritor explica que eles, assim como os imigrantes, aprendem a “nova língua” (da tecnologia), entretanto, não a pronunciam como os nativos, eles mantêm um certo “sotaque”. Para resolver essa equação, os professores precisam estar abertos aos novos métodos de ensino e práticas que se adequam à realidade dos nativos digitais. Para isso, é preciso ouvi-los e aprender ao máximo sobre essa nova linguagem, além de tentar introduzir ferramentas que representem o contexto deles, como o gamification, por exemplo.

Enquanto consumidores, a Geração Z está buscando produtos mais tecnológicos, mais informações sobre os produtos, mais inovação e outros tantos “mais”. Mas, as marcas e empresas não devem ficar restritas a isso, é preciso gerar valor para essa geração, eles buscam marcas que se engajem com causas sociais, que sejam sustentáveis, diversas e plurais. Contudo, não se deve esquecer que esses consumidores querem praticidade, comprar em poucos cliques e receber em um curto prazo. Nesta última, soluções de entregas rápidas como os drones, podem ser uma boa aposta. Sem esquecer de utilizar a tecnologia a fim de facilitar todo o processo de compra do usuário.

No mercado de trabalho, as empresas precisam aprender cada vez mais com a Geração Z. Eles tendem a ser menos burocráticos, menos resistentes às mudanças, mais ágeis e mais colaborativos, além de tudo, claro, mais tecnológicos. Ouvi-los pode ajudar a implementar novas possibilidades de culturas inovadoras dentro das organizações. Afinal, a evolução tecnológica e a transformação digital são caminhos sem volta (ainda bem!) e nada melhor do que aprendermos essas mudanças com os Zs no mercado de trabalho hoje, pois, daqui a pouco chega uma nova geração para ocupar posições importantes: a Geração Alpha, a geração das telas. A melhor forma de lidarmos com os Zs e aguardar os Alphas é escutá-los, além de ter sempre em mente que, por mais que não sejamos todos nativos digitais, devemos nos esforçar sempre para ser imigrantes eficientes, curiosos e aprendizes constantes.


Gustavo Caetano é CEO da Sambatech e Samba Digital.

Fonte: https://onovonormal.blog

Título: O NOVO NORMAL, Conteúdo: Somos influenciados pelos acontecimentos de nosso tempo e por aqueles que nos antecedem. No caso da Geração Z, a tecnologia teve papel fundamental em sua formação. Entender de que forma essa influência se deu e que características gerou nesse grupo nos guiará em direção ao futuro e à próxima geração. Popularização da internet, lançamento do Playstation, estreia dos sites de busca Google e Yahoo. Você sabe em que década esses acontecimentos ocorreram? Anos 1990. Mundialmente falando, um período de avanços científicos, tecnológicos e consolidação da globalização. Uma época propícia para o desenvolvimento e disseminação de eletrônicos e digitais. Muitos dos avanços que ocorreram nos anos 90 foram impulsionados pela Guerra Fria (1947 e 1991), que apesar de todo o conflito político, ideológico e econômico entre Estados Unidos e União Soviética (URSS), resultou também em um saldo tecnológico e científico. Alguns exemplos são: a criação da NASA, utilização de satélites em sinais de telecomunicação e o surgimento da Internet, nos anos 60. Mas, naquela época, a tecnologia era restrita ao uso militar e só se tornou popular outras décadas mais tarde. No Brasil, podemos citar que ela foi disponibilizada para uso comercial em 1994. Dessa maneira, diversas invenções começaram a emergir a partir do avanço tecnológico: as mensagens de texto SMS, o DVD, o Super Nintendo e a Google foram algumas das criações dos anos 90, e quem nascia naquele contexto começava desde muito cedo a “falar” a língua da tecnologia, a linguagem dos computadores, celulares, games e da internet. Para Marc Prensky, escritor americano e palestrante em educação, esses indivíduos são os nativos digitais, ou seja, aqueles que já nasceram imersos no mundo digital. Essa geração de nativos engloba também aqueles que fazem parte da Geração Z, que é a idade sociológica dos indivíduos que nasceram entre os anos 1990 e 2010. Em linhas gerais, o conceito de gerações é definido por um grupo de pessoas que nasceram na mesma época e compartilham de hábitos, cultura, comportamentos e experiências de vida semelhantes. Alguns estudiosos afirmam que elas podem mudar a cada 25 anos, mas que este intervalo não deve ser levado como uma máxima para essas definições. Inclusive, a Geração Z é um exemplo de que não existe um consenso sobre o período do seu início, em outras literaturas, é possível encontrar esse começo definido também pelos anos 1995. Antes dos Zs, temos a Geração Y, que é formada por pessoas que nasceram a partir do ano de 1980, que podem ser chamados também de Millennials, outra fase de avanços tecnológicos e crescente globalização, mas no Brasil, período de certa instabilidade econômica. A classificação das gerações não para por aí, a Geração X também foi estudada e engloba indivíduos que nasceram entre 1965 e 1978, são pessoas que trabalham bem em grupo e individualmente, e buscam a independência financeira desde cedo, eles também podem ser chamados de filhos dos Baby Boomers. “Baby Boom” significa explosão de bebês e é a geração composta por pessoas nascidas entre 1946 e 1964, um período de grande crescimento populacional do pós-Segunda Guerra Mundial. Antes disso, também podemos citar a Geração dos Veteranos ou Tradicionais que inclui pessoas que nasceram de 1922 até 1945, elas nasceram e viveram em períodos de guerra, por esse motivo tem um comportamento diferente das outras gerações, acreditam no trabalho em equipe, entretanto, são influenciados pelo modelo de militarismo ao exercer posições de liderança. Com esses dados, é possível perceber que o comportamento de cada geração é influenciado pelos acontecimentos que as antecedem, que vigoram e que perduram, e vimos que a tecnologia teve um importante impacto nas últimas gerações, especialmente na Geração Z. Não é à toa que o grupo de pessoas nascidas a partir de 1990 recebeu esse título. O “Z” vem do termo zapear, ou seja, mudar os canais de TV de forma constante e rápida. O termo “Zap” vem do inglês e pode ser traduzido como “fazer algo rapidamente”. É a geração da velocidade, eles aprendem rápido, são dinâmicos, exigentes e já nasceram acompanhando boa parte das tecnologias, são conectados e autodidatas. A Fast Company — uma revista sobre tecnologia — fez uma projeção que até o final de 2020 essa geração já representaria 40% dos consumidores, por isso é tão importante estudá-los, a fim de oferecer soluções e ferramentas que se adequem às suas necessidades e expectativas. Eles são consumidores exigentes e querem conhecer os produtos antes de comprá-los, por isso, fazem pesquisas na internet e em redes sociais sobre o que vão adquirir, afinal, são nativos digitais e usam a rede para facilitar a vida e otimizar o tempo, também por isso são um dos públicos que mais usufruem do comércio eletrônico. Além disso, por gostarem da experimentação, as tecnologias de Realidade Virtual e Realidade Aumentada podem cativar ainda mais esses consumidores no e-commerce, já que por meio delas torna-se possível ter a sensação de “experimentar” uma peça de roupa, por exemplo. Atualmente, o eBay — um dos maiores sites de comércio eletrônico do mundo — possui um aplicativo de realidade virtual na Austrália. Para usufruir da tecnologia é necessário um smartphone e um óculos de realidade virtual. Neste assunto, cabe relatar que grande parte das vendas dos e-commerces acontecem pelos smartphones. Uma pesquisa feita pela Opinion Box, empresa de pesquisa de mercado, mostrou que 85% dos brasileiros com smartphone compram online. Outra estratégia que se mostrou eficaz para o comércio eletrônico foram as live commerces, que são transmissões de vídeo ao vivo, com apresentação de produtos de uma loja ou marca. O objetivo delas é a venda instantânea desses itens por meio de uma plataforma integrada com o e-commerce. A forma de relacionamento e consumo dos Zs também foi muito influenciada pela crescente nos aplicativos, segundo um relatório de 2017 divulgado pelo site Mobile Time, essa geração passa em média 4h17 por dia na internet no celular e instala cerca de 9 aplicativos por mês em seus smartphones. Um relatório divulgado este ano pela companhia de análise de mercado mobile App Annie mostrou que os aplicativos mais baixados por eles, no quesito social, foram o TikTok, Snapchat e o Twitch. Mas não é somente para o entretenimento que essa geração tem utilizado as aplicações mobile, os apps de delivery de comida como o Ifood, Uber Eats, 99 Food e outros, fazem parte do dia a dia deles. Além desses, devemos lembrar também o quanto os Zs utilizam os apps de economia compartilhada, no que diz respeito à mobilidade urbana. Em um cenário de crescimento desordenado dos grandes centros urbanos e aumento de veículos particulares motorizados, fez-se necessário pensar formas de garantir uma mobilidade sustentável, neste ponto, a tecnologia foi fundamental. Com auxílio das plataformas online, os aplicativos de mobilidade compartilhada passaram a fazer parte da vida dessa geração: carros, bicicletas e patinetes pertencem à rotina dessas pessoas. Ressalto que, apesar do serviço de mobilidade compartilhada mais popular no Brasil ter chegado em 2014, com a Uber, o conceito começou nos anos 60, na Holanda, por meio de bikes compartilhadas. Naquela época, não havia custo para utilizar as bicicletas, entretanto, o modelo não se mostrou sustentável, além de ter sido alvo de vandalismo. Mas hoje, com o avanço da tecnologia, podemos usufruir desses serviços e sobretudo, contando com usuários que têm o mindset de colaboração. Neste sentido, podemos ainda citar exemplos como o Airbnb, Dog Hero ou sites de financiamento coletivo como o Catarse e o Benfeitoria, todos esses impulsionados pelas plataformas digitais. A mentalidade colaborativa da Geração Z vai além. Os coworkings são outro exemplo de como eles têm lidado bem compartilhando também o espaço de trabalho com pessoas de diferentes empresas e lugares, o termo cunhado pelo designer de jogos Bernie DeKoven, descreve um novo modelo de trabalho que estava em ascensão junto da tecnologia, e para quem pensa que os avanços tecnológicos poderiam afastar os trabalhadores, os coworkings vieram para mostrar que nem sempre será assim. Fato é que essa geração é muito mais propensa para trabalhar em um modelo remoto. Segundo uma pesquisa divulgada pela Globo, apenas 16% dos Zs preferem trabalhar em escritórios corporativos, entretanto, a maioria deles, 38% afirmam que o local não faz diferença, seguido por 26% que prefere trabalhar em coworkings e outros 20% em home office. É preciso ficar cada vez mais atento aos anseios e hábitos dessa geração em relação ao mercado de trabalho, porque, segundo a Mckinsey, até 2022, eles representarão cerca de 10% da força de trabalho. Como nativos digitais, lidam muito bem com a tecnologia no mercado de trabalho e mesmo que não desenvolvam diretamente uma atividade relacionada a ela, eles têm um bom desenvolvimento no assunto, aprendendo facilmente a manusear novos softwares e plataformas, além de serem mais abertos às mudanças de tecnologias. Além disso, com toda evolução tecnológica, novas possibilidades de carreira começam a surgir, e essa geração passa a considerar profissões que sequer existiam há alguns anos: UX design, gestor de mídias sociais, desenvolvedor mobile, analista de cibersegurança, até blogueiro, youtuber ou influenciador digital. Os Zs valorizam também gestores e lideranças que sejam próximas e abertas ao diálogo. Além disso, ambientes diversos e colaborativos são mais apreciados. Essa combinação de predileções leva muitos a quererem trabalhar em startups, já que são ambientes mais dinâmicos, inovadores e ágeis. A agilidade é uma constante para a Geração Z, são imediatistas e autônomos e por isso, podem vir a ter mais facilidade em trabalhar com metodologias ágeis como o método Scrum e o Kanban. Outra mudança de mentalidade em relação ao trabalho diz respeito às expectativas em relação às empresas contratantes, uma pesquisa da Deloitte mostrou que 38% espera que as empresas também se preocupem com a saúde do funcionário, incluindo um bom ambiente de trabalho. Outros 34% esperam alguma atividade relacionada a mentoria ou treinamento. Isso mostra que são pessoas que querem desenvolver suas carreiras e acreditam que o aprendizado faz parte desse processo. Sobre esse assunto, vale salientar, que a forma de aprender dos Zs também se modificou, ela acontece de forma mais acelerada, eles são autodidatas e muitas vezes, aprendem sozinhos diversos conteúdos com o auxílio da internet. Além disso, o ensino a distância também foi um facilitador, por meio de plataformas EAD é possível absorver o conteúdo e interagir com colegas e professores. Segundo o último censo (2018/2019) Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), a modalidade EAD no Brasil soma 9 milhões de estudantes. Então, o que esperar da Geração Z e como lidar com ela? No âmbito educacional, voltarei a citar Marc Prensky, que, além de apresentar o conceito de nativos digitais, traz também quem seriam os imigrantes digitais, ou seja, aqueles que nasceram antes das tecnologias. No caso da educação, os professores. O escritor explica que eles, assim como os imigrantes, aprendem a “nova língua” (da tecnologia), entretanto, não a pronunciam como os nativos, eles mantêm um certo “sotaque”. Para resolver essa equação, os professores precisam estar abertos aos novos métodos de ensino e práticas que se adequam à realidade dos nativos digitais. Para isso, é preciso ouvi-los e aprender ao máximo sobre essa nova linguagem, além de tentar introduzir ferramentas que representem o contexto deles, como o gamification, por exemplo. Enquanto consumidores, a Geração Z está buscando produtos mais tecnológicos, mais informações sobre os produtos, mais inovação e outros tantos “mais”. Mas, as marcas e empresas não devem ficar restritas a isso, é preciso gerar valor para essa geração, eles buscam marcas que se engajem com causas sociais, que sejam sustentáveis, diversas e plurais. Contudo, não se deve esquecer que esses consumidores querem praticidade, comprar em poucos cliques e receber em um curto prazo. Nesta última, soluções de entregas rápidas como os drones, podem ser uma boa aposta. Sem esquecer de utilizar a tecnologia a fim de facilitar todo o processo de compra do usuário. No mercado de trabalho, as empresas precisam aprender cada vez mais com a Geração Z. Eles tendem a ser menos burocráticos, menos resistentes às mudanças, mais ágeis e mais colaborativos, além de tudo, claro, mais tecnológicos. Ouvi-los pode ajudar a implementar novas possibilidades de culturas inovadoras dentro das organizações. Afinal, a evolução tecnológica e a transformação digital são caminhos sem volta (ainda bem!) e nada melhor do que aprendermos essas mudanças com os Zs no mercado de trabalho hoje, pois, daqui a pouco chega uma nova geração para ocupar posições importantes: a Geração Alpha, a geração das telas. A melhor forma de lidarmos com os Zs e aguardar os Alphas é escutá-los, além de ter sempre em mente que, por mais que não sejamos todos nativos digitais, devemos nos esforçar sempre para ser imigrantes eficientes, curiosos e aprendizes constantes. Gustavo Caetano é CEO da Sambatech e Samba Digital. Fonte: https://onovonormal.blog



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