“O golpe é contra o povo brasileiro”
Em seminário, dirigente da CUT alerta para rumos do governo e convoca para greve-geral
Escrito por: CUT • Publicado em: 05/09/2016 - 13:30 • Última modificação: 30/10/2024 - 08:43 Escrito por: CUT Publicado em: 05/09/2016 - 13:30 Última modificação: 30/10/2024 - 08:43Durante a tarde dessa sexta-feira (2), ocorreu, em São Paulo, o seminário “Direitos Humanos e Democracia”. Durante o encontro, a secretária de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT, Jandyra Uehara, alertou os riscos do golpe.
“Esse golpe é contra o povo brasileiro. É importante inserirmos esse golpe em um contexto internacional. De 1998 até 2008, foram anos de ascensão de governos com características de esquerda na América do Sul. Depois da crise de 2008, mais precisamente em 2010, todas essas experiências progressistas começam a ser atacadas”, afirmou a dirigente.
Também participaram do seminário, Benilda Brito (Articulação de Mulheres Negras Brasileiras), Carlos Magno (Presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – AGBLT) e Darci Frigo (Plataforma de Direitos Humanos - Dhesca Brasil / Terra de Direitos).
O golpe que levou a deposição da presidenta Dilma Rousseff (PT) deve provocar uma avalanche sobre os povo oprimidos no Brasil. Essa é a conclusão dos participantes do seminário.
“O golpe fera de morte a democracia e nossos direitos. O campo democrático é constituído pela criação e manutenção de direitos. Esse golpe, vem na esteira de uma ampla hegemonia do capitalismo no âmbito internacional. Não é um produto de erros ou acertos de pessoas que estavam em espaços de poder, e também isso, mas em pequena parcela”, contextualizou o advogado Darci Frigo, que enxerga no passado recente as primeiras sinalizações de violenta repressão. “A luz vermelha ascendeu para nós quando a Força Nacional começou a ser utilizada pelo ministro Lobão nas manifestações dos atingidos por barragens, no Amazonas. Agora, ela está liberada e pode ser usada contra manifestações em São Paulo.”
Benilda Brito, da Articulação de Mulheres Negras Brasileiras, contextualizou historicamente a luta da população negra. “O Estado sempre nos excluiu e negou o nosso direito à vida. Nosso direito à humanidade é negado também, na escola toda criança negra vira “macaco”. O movimento negro me ensinou que ser negra é bom, que eu tenho humanidade e que posso acessar bens e serviços da sociedade. Esse é um período horrível. Se nós tivéssemos pouquíssimas conquistas que não geraram impacto ainda, eles vão retirar esse pouco.”, afirmou.
O ativista Carlos Magno, presidente da ABGLBT, lembrou do padrão da equipe de governo montada pelo presidente ilegítimo Michel Temer para exemplificar a forma como a gestão enxerga a sociedade. “O preconceito estabelece hierarquia. Quando eu digo que a mulher deve ficar em casa e o homem tem que estar na rua, digo que os assuntos políticos, por exemplo, devem ser resolvidos pelo homem.”
Saindo do campo analítico e caminhando para propostas, Jandyra Uehara convidou os participantes para somarem com a construção da paralisação da classe trabalhadora.
“O movimento sindical e os demais movimentos populares não dão conta de enfrentar sozinhos a tremenda violência que vem do Estado. Nós precisamos retomar o embate de classe, não é um programa de categoria. Precisamos de uma greve geral com caráter de classe”, encerrou Jandyra, lembrando que no dia 22 de setembro “já há um esquenta dessa greve-geral, vamos paralisar o País.”
Fonte: www.cut.org.br