De novo, a BrT em mãos estatais
No final da noite da quarta-feira, a Telecom Italia (TI) chegou a um acordo com três fundos de pensão brasileiros para vender, por US$ 515 milhões, 38% das ações da Solpart, companhia que controla 51% da Brasil Telecom Participacões.
Escrito por: Notícia ZH • Publicado em: 23/07/2007 - 00:00 Escrito por: Notícia ZH Publicado em: 23/07/2007 - 00:00O acerto deve encerrar uma das maiores disputas societárias do país. Foi assinado com os fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal). Por ter participação na estrutura de controle e um acordo anterior com os fundos, o Citigroup se mantém no comando da BrT. Terceira maior operadora fixa do país, a BrT foi formada a partir da privatização da Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), entre 1996 e 1998. Conforme a Telecom Italia, a operação permitirá que a TI se concentre "para reforçar a presença no Brasil através de sua controlada Tim Brasil", segunda operadora de telefonia celular no país. A venda precisa autorização da Agência Nacional de Telecomunicações, lembra comunicado da TI, segundo o qual a operação permitirá colocar fim a "antigas controvérsias que caracterizaram o investimento na BrT." - Com a negociação, os fundos esperam contribuir para melhorar as condições de administração da empresa - disse um porta-voz do Previ. Os fundos não terão o controle isolado, mas com o menor número de participantes no comando, a disputa interna deve ser atenuada, favorecendo a intenção do governo de consolidar o controle das telecomunicações do país na mãos de grupos locais. A operação facilita as negociações para que a BrT se alie à Telemar, segunda maior operadora de telefonia fixa do país, permitindo o surgimento de um grupo nacional fazendo frente aos dois grandes grupos estrangeiros que mais avançam no setor, Telefónica, da Espanha, e Telmex, do México. Um conflito de traições, polícia e espionagem A participação do Citigroup vem de uma parcela da Zain, um dos muitos elos da estrutura acionária da BrT. Enquanto os italianos tinham 38% da Solpart, outros 62% eram da Techold, por sua vez dominada pela Invitel, formada pela Petros e pela Zain, da qual o Citi tem 45%. Teve origem nessa complexa estrutura o conflito entre os sócios, que envolveu traições, polícia em reunião de acionistas e o escândalo de espionagem protagonizado pela Kroll e pelo alto escalão do governo federal. Depois de intermináveis sessões nos tribunais, a Justiça afastou do comando o controlador anterior, Daniel Dantas. Em nota da BrT, os sócios se comprometem a retirar todas as denúncias entre si nos tribunais. - O acordo determina a transferência das ações aos fundos de pensão. O Citigroup, que participava das negociações, apenas deu apoio - disse o gerente de Relações Institucionais da Previ, Washington de Araújo. Agora, a maior dúvida é se o Citigroup exercerá o acordo que fechou com os fundos de pensão há dois anos. O acerto permitia ao banco americano vender suas ações por um preço que, à época, estava três vezes acima do mercado. Se abrir mão agora, o Citi pode perder dinheiro com a transação.