CNBB e paróquias mobilizam fieis contra o desmonte da Previdência de Temer
"Semana Santa é uma oportunidade para os cristãos realmente levantarem a voz". diz padre.
Escrito por: Júlia Dolce / Radioagência Brasil de Fato • Publicado em: 13/04/2017 - 15:24 • Última modificação: 29/10/2024 - 08:47 Escrito por: Júlia Dolce / Radioagência Brasil de Fato Publicado em: 13/04/2017 - 15:24 Última modificação: 29/10/2024 - 08:47Paróquias, professores de teologia e a própria CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, estão aproveitando a chegada da Semana Santa e o tempo de Quaresma para conscientizar os fiéis católicos contra os desmontes trabalhistas propostos pelo governo de Michel Temer. Na opinião dos sacerdotes, é papel da Igreja promover o diálogo sobre as novas medidas impostas aos brasileiros.
Para o padre jesuíta e professor de teologia, Élio Gasda, o questionamento dos valores humanos deve ser feito pelos fiéis."A Igreja convoca os cristãos para uma tomada de consciência das mensagens vinculadas ao evangelho e as mensagens de amor ao próximo. Então esse tempo de Semana Santa é uma oportunidade para os cristãos realmente levantarem a voz para os sofredores, os traídos, os crucificados, as vítimas dos sistemas ou dos impérios de hoje", provocou.
No final de março, por exemplo, a CNBB divulgou uma nota posicionando-se contra a "reforma na Previdência", opinando que ela seria um caminho para a "exclusão social". No documento, a entidade convoca os cristãos a se mobilizarem sobre o tema.
Para o bispo Dom Leonardo Ulrich Steiner, secretário-geral da CNBB, é tarefa da organização incentivar o debate dos temas.
"A CNBB pede que haja transparência nos dados, é preciso primeiro mostrar como funciona a previdência. E a sociedade tem que participar do debate para ajudar a sugerir e construir uma previdência que seja duradoura. Nós chamamos a atenção para as pessoas que não têm como se manifestar e às pessoas que serão mais atingidas, que serão sempre os mais pobres", disse.
Dom Leonardo destaca ainda, que a Igreja tem dado subsídios para a reflexão e debate no país em diferentes contextos.
"A CNBB recebeu muitas pessoas e grupos com os quais dialogou sobre a reforma da previdência, sempre em busca da interlocução e se colocando à disposição para o diálogo. Então a Igreja tem sim um papel de educação, de formação".
O padre Gasda também acredita no papel histórico da Igreja na defesa dos direitos sociais e critica a forma como o suposto rombo da previdência vem sendo abordado pelo governo.
"A Igreja tem como ponto de partida principal a questão dos direitos sociais, humanos, e dentro desse campo a prioridade dos pobres. Os afetados pela Reforma da Previdência são os pobres, os trabalhadores, os aposentados, que simplesmente estão com o ônus de um problema sério brasileiro, o problema da sonegação das grandes empresas em relação ao pagamento de impostos do governo", opinou.
O mesmo é defendido pelos frequentadores da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, localizada na região leste de São Paulo. Para Eduardo Brasileiro de Carvalho, sociólogo e fiel da paróquia, as missas ministradas pelo Padre Paulo Sérgio Bezerra foram essenciais para a sua conscientização política.
"Eu posso dizer que toda a minha formação humana e política veio da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, antes de qualquer faculdade e formação educacional. Porque ela sempre priorizou as formações. E nesse aspecto o Padre Paulo sempre proporcionou o protagonismo da juventude de questionar o mundo ao nosso redor", contou.
A paróquia tem inclusive incluído críticas aos desmontes de Temer em seus folhetos, reiterando nas preces que o governo golpista e a grande mídia têm manipulado o povo brasileiro.
Edição: Daniela Stefano
Fonte: www.cut.org.br