A CUT e a Frente Brasil Popular

24/09/2015 - 00:00

A Conferência que lançou a Frente Brasil Popular (FBP) em Belo Horizonte no dia 5 de setembro reuniu mais de 2 mil representantes de centrais sindicais, movimentos populares, organizações da juventude, partidos e personalidades democráticas.
Na véspera, dia 4, reuniu-se o Encontro nacional e popular pela Constituinte, com mais de 800 participantes, que, além de reafirmar a continuidade da campanha do Plebiscito Popular Constituinte de 2014, decidiu integrar-se à FBP levando o debate de “dar a voz ao povo” numa Constituinte, focando numa reforma política democrática que o atual Congresso de Eduardo Cunha já demonstrou que não fará.
Os dois eventos tiveram a participação de entidades nacionais, como a CUT, MST, CMP, CONEN, MAB e MPA, organizações de jovens, como a Juventude Revolução e o Levante, além do PT e Consulta Popular. As organizações ligadas ao PCdoB (como CTB e UNE), participaram apenas da conferência da FBP, à qual também se somaram parlamentares e dirigentes de outros partidos e correntes, intelectuais e jornalistas.


O debate e as decisões tomadas


O debate foi introduzido por João Pedro Stédile (MST) na plenária de abertura e prosseguiu nos  grupos de trabalho e plenária final.
Ao longo do dia de discussão, ficou claro o contraste entre a posição expressa por oradores do PCdoB e entidades por ele influenciadas – que concentravam suas intervenções na defesa da legalidade institucional (“não vai ter golpe!”) – e a posição expressa por quase todas as outras organizações, inclusive a CUT, que associavam a defesa do mandato popular dado a Dilma, tanto na forma legítima como foi conquistado, como no conteúdo que foi dado de um voto contra o retrocesso, com a luta pela mudança da política econômica de “ajuste fiscal”, a qual vem corroendo as bases de sustentação popular de seu governo e dando terreno para a ofensiva da direita para abreviar seu mandato.  


Assim, no ato político de encerramento da Conferência, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi enfático na crítica ao “Plano Levy”, da mesma forma que o ex-governador Tarso Genro (PT-RS) e o senador Requião (PMDB-PR) que chegou a dizer: “Dilma, os 54 milhões que votaram em você não foi para aplicar a política dos banqueiros”.
Os documentos adotados em Belo Horizonte – Manifesto e Compromissos da Frente (ver em frentebrasilpopular.com.br) – estão eixados na “defesa da democracia, dos direitos e por outra política econômica”, o que permite à FBP evoluir como instrumento importante de unidade e luta contra a oposição golpista e a ofensiva da direita pró-imperialista em todos os terrenos. Mas isso não se dará de forma natural, mas sim a partir de um combate político no interior da Frente que a CUT, pelo seu peso e papel decisivo na conjuntura, está chamada a realizar.


A proposta de estruturação da FBP foi remetida para uma reunião em 26 de setembro em São Paulo, mas desde já ela vem sendo lançada em vários estados, com participação ativa das CUTs estaduais.
Como se sabe, a principal decisão de ação tomada em Belo Horizonte foi a convocação de atos em todo o país em 3 de outubro (aniversário da Petrobras) com os eixos “Em defesa da democracia, de uma nova política econômica e dos direitos do povo brasileiro sobre o petróleo”.  Em Niterói, diante da onda de demissões nos estaleiros, por proposta da FUP (petroleiros) e CNM-CUT (metalúrgicos), o ato será em 2 de outubro.


O papel da CUT


Na resolução adotada pela Executiva nacional da CUT em sua última reunião de 16 de setembro, pode-se ler:
“Para combater a atual política econômica, a CUT seguirá fortalecendo a unidade dos setores sindicais, populares e democráticos, como integrante da Frente Brasil Popular lançada em Belo Horizonte em 5 de setembro, espaço onde discutirá suas propostas alternativas de política econômica e de aprofundamento da democracia no nosso país. (...) A CUT conclama também as suas bases a participarem do Dia Nacional de Mobilizações de 3 de outubro chamado pela Frente Brasil Popular em todas as capitais em defesa da Petrobras, da democracia, dos direitos e por outra política econômica.”.


De fato, investir no fortalecimento da Frente Brasil Popular deve ser uma das prioridades da CUT neste período que antecede o nosso 12º Congresso Nacional, cuja realização deve ajudar a nossa militância a continuar jogando um papel central na difícil conjuntura política e econômica que o Brasil atravessa.


Mãos à obra!