Frente Brasil Popular SP completa um ano de fundação

20/05/2016 - 14:47

Com mais de 65 movimentos sociais e sindical, a Frente tem realizado grandes mobilizações

No último dia 13 de maio de 2016, a Frente Brasil Popular São Paulo completou o 1º ano de fundação. Criada com o objetivo de unificar a luta dos movimentos populares e responder à ofensiva dos setores conservadores, que passaram a investir fortemente contra os direitos sociais, a Frente ganhou um importante papel nesse momento em que a democracia brasileira sofreu um golpe.

Hoje participam da Frente mais de 65 organizações, entre movimentos sindical e sociais, que representam diferentes bandeiras, como as do campo e da cidade, das mulheres, dos negros, das juventudes, LGBT, e de moradia.

A ideia de congregar os movimentos sociais surgiu como forma de resistência aos descasos sociais do Governo do Estado de São Paulo, que está com o PSDB há mais de 20 anos e é criticado pelas entidades que compõem a Frente de não possibilitar a participação popular na gestão.

Além de atos, os movimentos integrantes organizam diferentes ações, como audiências, aulas públicas e marchas, de maneira a denunciar ou alertar a população sobre os desmandos dos governos conservadores, que colocam em risco os direitos sociais e trabalhistas.

Instrumento de luta

Em São Paulo, a Frente tem sido a responsável pelas maiores mobilizações de resistência ao golpe. Na capital paulista, por exemplo, foram realizados nos últimos meses atos no Anhangabaú, na Sé e Avenida Paulista, reunindo públicos em torno de 500 mil pessoas.

Coordenador estadual da Frente e presidente da CUT no estado, Douglas Izzo celebra esse primeiro ano e diz que a Frente é a consolidação de um grande instrumento de luta da classe trabalhadora, que cada vez mais está fortalecida. “Ao longo desse período, a Frente de São Paulo deu conta de atender o que estava previsto na carta de princípios, que era debater os problemas do Estado e elaborar propostas de melhorias, além de construir grandes mobilizações em torno de temas importantes”.

Entre as ações citadas pelo dirigente estão a realização de seminários que abordaram a questão da violência contra a população negra da periferia e as mobilizações em defesa das empresas públicas.

Douglas destacou a última grande atividade da Frente, que foi o 1º de Maio da Classe Trabalhadora, realizada no Anhangabaú. Segundo ele, diferente dos anos anteriores, os participantes foram para a atividade interessados na discussão política. “Foi um 1º de Maio do qual a tônica foi o debate político, que se sobrepôs a qualquer outra atividade. Tivemos um grande ato de resistência da classe trabalhadora, bastante representativa, neste momento difícil pelo qual passa o País”.

Coordenador estadual da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim conta que a Frente de São Paulo foi a percussora da Frente Nacional e em outros estados. “No dia 13 de maio de 2015 nós fundamos o Fórum dos Movimentos Sociais [nome inicial] com a ideia de exatamente congregar os movimentos sociais para resistir a agenda conservadora que já estava na iminência de ocorrer”.

Com o golpe consumado, Raimundo afirma que a Frente não irá reconhecer o governo golpista de Michel Temer, que assumiu na quinta-feira (12), e permanece interino até o término do processo que decidirá se Dilma será ou não afastada – cabe lembrar que não há crime de responsabilidade contra a presidenta, conforme prevê a Constituição para que o impeachment aconteça. “Vamos continuar com a grande tarefa de enfrentar essa longa batalha para que, ao final do processo, não seja aprovada a cassação do mandato da presidenta Dilma”.

Já a presidenta da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), Flávia Oliveira acredita que nesse período de afastamento de Dilma, a Frente terá a oportunidade de ganhar a opinião pública a respeito do golpe, já que estarão em evidência os reais interesses do governo interino de Michel Temer. “Nós próximos 180 dias, precisamos disputar a opinião da sociedade para que ela entenda que, de fato, isso foi um golpe e estamos sob um governo ilegítimo. Precisamos continuar com muita mobilização, muitas manifestações”.

Sandra Mariano, da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), endossa a companheira de movimento. “Estamos numa conjuntura muito difícil, mas os movimentos sociais entenderam a necessidade de se aglutinar nesse movimento de resistência e de luta, pois assim conseguimos dar o recado”.

Sobre a diversidade de entidades, Matheus Gringo, da direção estadual do MST, avalia ser justamente esse o motivo de crescimento da Frente. “Essa diversidade de movimentos é o que dá sustentação à Frente e fortalece a luta das nossas bandeiras”. 

Ponte para o abismo

De imediato, os movimentos que compõem a Frente se preparam para o enfrentamento contrário às medidas já anunciadas pelo presidente interino Michel Temer, que, em seu primeiro discurso, na quinta (12) passada, anunciou a pretensão de privatizar as empresas públicas, colocando em risco a Petrobras, Correios, Banco do Brasil e Caixa.

Também manifestou, em sua fala, o interesse de alteração nos direitos sociais e trabalhistas, a extinção de pastas ministeriais importantes, como Cultura e Direitos Humanos, além de não ter incluído nenhuma mulher na composição de seu governo - considerado um grande retrocesso.

Muitas dessas propostas já constavam no documento chamado “Ponte para o Futuro”, que aposta contra a classe trabalhadora ao pedir o fim da política de valorização do salário mínimo, a terceirização sem limites com a precarização dos empregos, e a ampliação da idade mínima para a aposentadoria de 65 anos. Medidas que são contra a população e demonstram que o PMDB irá governar para o capital financeiro, os grandes empresários, os latifundiários, e a elite brasileira.

“Vai vir um saco de maldades porque esse é o governo que o PMDB, junto com o PSDB, costuma fazer. Esse é o projeto deles. Será um governo somente para parte do povo brasileiro, que são os ricos e, se der, para os pobres. Mas como para eles nunca dá, então não governará para essa população”, afirma o presidente da CTB/SP, Onofre Gonçalves.

“Desde o começo nós alertamos que o golpe não era apenas contra uma presidenta democraticamente eleita, mas contra a classe trabalhadora. E as primeiras medidas já sinalizam esse retrocesso enorme. O golpe está em curso e as ruas ainda podem impedir que se concretize. E é isso o que faremos. Não sairemos das ruas”, finaliza Douglas, da CUT/SP.

Confira as cidades em que a Frente está presente:
ABC, Assis, Araçatuba, Baixada Santista, Bauru, Campinas, Guarulhos, Itapeva, Itaquaquecetuba, Jacareí, Jundiaí, Marília, Mogi das Cruzes, Osasco, Ourinhos, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, São Carlos, São José do Rio Preto, São Paulo, Sorocaba, Vale do Paraíba e Vale do Ribeira.

Fonte:www.cut.org.br