O golpe de 2016, os constantes cortes nos orçamentos feitos pelo ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP) na Cultura e na Educação, assim como a PEC do Teto dos Gastos, que congelou investimentos públicos por 20 anos, são os principais responsáveis pelo incêndio que destruiu o Museu Nacional, localizado no Rio de Janeiro, na noite desse domingo (2), segundo especialistas.
Para a professora de história da USP, Maria Aparecida de Aquino, o golpe que retirou uma presidenta eleita democraticamente com 54 milhões de votos e colocou no poder um governo sem identificação com a Cultura e a Educação, foi um dos motivos que levou o país a presenciar esta grande tragédia.
“Somente o fato do golpista Temer querer acabar com o Ministério da Cultura, o transformando em secretaria no início da sua gestão, demonstra o que ele pensa da Educação e da Cultura. Se prega a extinção dessas duas áreas, se extingue a importância de um museu e da nossa história”, diz a professora.
É a crônica de uma morte anunciada
- Maria Aparecida de Aquino
Alexandre Fortes, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ) – instituição responsável pelo Museu - também culpou os golpistas pelo incêndio.
Fortes fez um desabafo nas redes sociais contra quem, segundo ele, está querendo responsabilizar a UFRJ pela tragédia.
“O aparato político, midiático, policial e judiciário golpista já dá todos os sinais de que vai se apropriar dessa calamidade para lançar uma nova ofensiva contra as instituições públicas de ciência e tecnologia, seus servidores e dirigentes", denuncia o professor no Facebook.
No texto intitulado “Na guerra, não há tempo para chorar”, o professor ainda questiona, ‘num país que vai colocar um psicopata imbecil que ensina crianças de colo a atirar no segundo turno, vai por acaso investir em cultura e ciência?’.
E prossegue dizendo que é preciso, acima de tudo, escancarar o caráter criminoso das políticas de "austeridade" transformadas em emenda constitucional, para que nunca mais se repita a "aventura" de gastar com educação, saúde, cultura, ciência e tecnologia.
“Especialmente depois que se comprovou que esses gastos podem fazer a economia girar em favor do desenvolvimento e da redução da desigualdade”, lamenta o professor.
Renovação do Congresso com candidatos progressistas pode reverter situação caótica da Cultura e Educação
Para Maria Aparecida de Aquino, a PEC do Teto dos Gastos Públicos também é uma das responsáveis pela falta de recursos e tem atingido mortalmente as verbas para a educação, cultura, saúde e assistência social.
Segundo ela, somente um Congresso Nacional renovado, com candidatos mais progressistas que revertam essa PEC, poderá fazer o país se recuperar econômica e socialmente.
“Ao longo da história republicana se observa que quase não há renovação, mas vivemos hoje um período especial”.
A professora, que é uma crítica à maneira como as operações de combate à corrupção da Polícia Federal (PF) vêm sendo realizadas, diz que a Operação Lava Jato pode fazer a população ficar mais atenta na hora do voto. Ela é otimista em relação à renovação do Congresso, com candidatos mais progressistas.
“Acredito na renovação e que não veremos mais aquele circo de horrores que foi o processo de impeachment de Dilma, quando deputados votaram por sua retirada da presidência citando a família, o cachorro e o nome de Deus em vão. Se renovarem uma parte do Congresso, já me dá esperança de um Brasil melhor”.
Investimento em museus cresceu 980% no governo Lula, afirma Ibram
O Instituto Brasileiro de Museus (Ibran) divulgou em 2012, o resultado de estudo sobre os investimentos realizados no campo museal entre os anos de 2001 e 2011. O levantamento revela que, no período pesquisado, os recursos destinados anualmente ao setor passaram de R$ 20 milhões para R$ 216 milhões, o que representa um aumento de 980%.
Segundo o Ibram, a valorização dos museus e o crescimento dos investimentos na área tiveram, em sua trajetória, alguns fatos marcantes que delinearam a formação do campo museal brasileiro. Em maio de 2003, início do primeiro mandato do governo Lula, foi lançada a Política Nacional de Museus, documento que serviu de base para definir os rumos da preservação e do desenvolvimento do patrimônio museológico brasileiro. Já naquele ano, os investimentos subiram de R$ 24 para R$ 44 milhões.
Porém, nos dois últimos anos, a queda nos investimentos foi de 45% do valor real do orçamento discrissionário – que não inclui despesas com pessoal e financeiro.
“O Orçamento do Ministério da Cultura (Minc) voltado para Museu, patrimônio, pontos de cultura, Biblioteca Nacional caiu quase pela metade em três anos. O investimento para este ano, fora gastos de manutenção, é de R$ 150 milhões, muito baixo para a importância do Ministério“, diz João Brandt , ex- secretário executivo do Minc, no governo Dilma Rousseff.
Fonte: www.cut.org.br