O Brasil voltou a notificar mais de mil pessoas mortas pelo novo coronavírus (Covid-19) e bateu mais um recorde tanto no número de óbitos quanto no de casos confirmados em apenas 24 horas.
Entre segunda-feira (1º) e terça-feira (2), foram registradas mais 1.262 vítimas fatais da doença, o maior número desde o início da pandemia. O total de óbitos chegou a 31.199.
No mesmo período, o país bateu recorde de novas infecções, com mais 28.936 casos, totalizando 555.383 pessoas contaminadas pela Covid-19.
Segundo o Ministério da Saúde, 223.638 pessoas se recuperaram da doença, o equivalente a 40,3% dos casos confirmados.
Em meio a maior pandemia da história do Brasil, Jair Bolsonaro (ex-PSL) segue sem nenhuma preocupação com a crise e formalizou no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (3) o nome do general Eduardo Pazuello para exercer, interinamente, o cargo de ministro de Estado da Saúde.
A pasta tem mais generais do que especialistas da área da medicina e já perdeu dois ministros desde março. O primeiro a se demitir por discordar da pregação de Bolsonaro a favor da cloroquina para todos e pela volta das atividades econômicas, foi Luiz Henrique Mandetta. Depois, Nelson Teich, também a favor do isolamento social como única maneira de conter a disseminação da doença e a favor de medicação só depois de comprovada a eficácia, também pediu para sair.
São Paulo
Epicentro da pandemia, o estado de São Paulo flexilbizou o isolamento social em algumas cidades. Na capital paulista, a volta gradativa das atividades econômicas está prevista para o próximo dia 15. Entretanto, os números de mortes e infecções em São Paulo ainda preocupa e mostra que o plano do governador João Doria (PSDB) é precipitado.
Nesta terça-feira, o estado registrou 327 mortes causadas por coronavírus nas últimas 24 horas, o maior número em um dia desde o começo da pandemia, segundo os dados divulgados pela secretaria Estadual de Saúde.
O total de óbitos até o momento é de 7.994. O número de novos casos também foi o mais alto da crise, com 6.999, totalizando 118.295 pessoas contaminadas no estado de São Paulo. É o maior número de casos no Brasil.
A taxa de ocupação de leitos de UTI no estado é de 73,5% e na grande São Paulo, de 85,3%. Enquanto isso, o índice de isolamento está entre 47% no estado e 49% na capital.
Crise no Rio Janeiro
Segundo estado com números de casos confirmados e mortes, O Rio de Janeiro tem apenas um dos sete hospitais de campanha funcionando. Os restantes dos hospitais deveriam ter sido entregues no fim de abril, até o momento apenas um foi entregue.
O governo do Rio de Janeiro decidiu intervir na gestão dos hospitais de campanha montados para combater a pandemia de covid-19. Um decreto do governador Wilson Witzel (PSC) aponta o atraso na entrega e deficiência na gestão como motivos para a intervenção estadual.
O Rio de Janeiro, que já vivia uma grave crise de saúde pública, é o segundo mais afetado pelo novo coronavírus, com 5.686 mortes e 56.732 casos confirmados.
Terceiro estado mais afetado pela pandemia, o Ceará tem 55.472 mil casos positivos de covid-19 e 3.524 óbitos, segundo dados da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde. A atualização foi feita às 9h08 desta quarta-feira (3). O estado já ultrapassou os 50 mil diagnósticos positivos da doença.
Fragilidade na saúde em Amazonas
Um estudo feito pela Fiocruz Amazônia aponta que a gravidade da epidemia em Manaus e o elevado número de mortalidade tem reflexo da grande desigualdade social e fragilidade dos serviços de saúde na cidade.
Na capital do estado, 18,9 mil casos confirmados da doença e 1,3 mortos em decorrência da Covid-19.
O estudo da Fiocruz utilizou dados de mortalidade disponíveis na Central de Informações do Registro Civil (CRC) Nacional e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), durante a 11ª e a 16ª semana epidemiológica (período de 15 de março a 25 de abril de 2020).
Segundo os dados, de 15 a 23 de março, antes do primeiro caso registrado na cidade, 215 pessoas morreram em Manaus. No mesmo período do ano passado, o número de mortes foi de 205.
Já no período de 19 a 25 abril, na 16ª semana da pandemia, quando a cidade se tornou o epicentro da doença no Amazonas, foram 915 mortes registradas, contra 215 na mesma semana de 2019, um aumento de 350%.
Fonte: CUT