A gestão golpista de Michel Temer mostra que não terá como prioridade aqueles que alimentam o país. Na manhã desta quarta-feira (25), cerca de 1.500 trabalhadores rurais saíram em marcha na capital federal contra o fechamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), etapa que encerra uma série de diálogos que se estabeleceram nos últimos anos com os agricultores familiares e que permitiram o avanço de políticas para o campo.
O protesto começou na catedral de Brasília, seguiu até o Palácio do Planalto, passou em frente ao Superior Tribunal Federal (STF) e encerrou no Congresso Nacional. A marcha fez parte do encerramento do 4º Congresso da Fetraf (Federação da Agricultura Familiar), que teve início na segunda-feira (23) e elegeu a nova direção que estará à frente do que agora passou a ser Confederação da Agricultura Familiar.
Coordenador-geral da atual confederação, Marcos Rochinski, garante que as mobilizações continuarão nas ruas de todo país. “Não reconhecemos um governo golpista e eles podem esperar resistência do campo. Estamos prontos para continuar as nossas marchas e lutas nos estados. Também iremos pra cima contra a atual reforma da previdência”, alerta o dirigente.
Durante a marcha, que passou também pelo prédio do MDA, os trabalhadores encontraram mais de mil pessoas acampadas no local. Coordenador estadual por São Paulo da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade, Claudemir Silva Novaes, afirma que outras mobilizações ocorrem também no Pará, Minas Gerais, Goiás e Amazonas. “Exigimos o retorno do ministério e a definição imediata do presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Esse governo cortou o diálogo com a classe trabalhadora”, diz.
Indignação contra golpistas
Funcionário do MDA, João Augusto de Freitas, que atua com projetos de inclusão produtiva nos territórios rurais, afirma que o funcionalismo está indignado com o golpista Temer. “Parece que estamos vivendo um pesadelo que nos afeta não só em nosso trabalho como servidores, mas nas políticas públicas de inclusão, de reforma agrária, de assentamento, da agricultura familiar. É um reflexo violento para os trabalhadores que estão na ponta produzindo e plantando o seu autosustento, para comercializar e gerar renda”, relata.
Da Bahia, o pequeno produtor Geraldo Rocha, viajou até Brasília para participar do congresso e das mobilizações e relata as consequências das ações da atual gestão. “Essas primeiras medidas de Michel Temer são péssimas. Eu e muitos companheiros da minha cidade acessamos a diversos programas como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e foi assim que sustentei meus três filhos, a minha família. Precisamos de investimento e não de cortes. Avançamos com Lula e Dilma, mas agora vemos estes golpistas acabarem com tudo”, fala.
A trabalhadora rural, Glacimeire Garcia da Silva, vinda de Goiás, segurou um simbólico caixão na marcha, representando o governo interino. “Esses golpistas nem entraram e já estão tirando todos os nossos direitos. Eu e minha família produzimos milho, hortaliças, mandioca, de um tudo. Só não plantamos soja para não envenenar a terra, as águas. Pra nós não tem meio termo, é fora Temer.”
Para a atual coordenadora de Formação e Educação Profissional da Confederação da Agricultura Familiar, Elisângela Araújo Santos, a gestão Temer irá acabar com o Brasil e fará com que as políticas agrárias retrocedam. “Em menos de uma semana, eles extinguiram um ministério responsável pelas mais importantes políticas para a produção de alimentos no país. Esse governo é golpista, corrupto e traidor, representa as elites e não tem compromisso com a classe trabalhadora”, conclui a dirigente.
Fonte: www.cut.org.br