Fundos querem a BrT

20/07/2007 - 00:00

Previ, Funcef e Petros oferecem R$ 953 milhões pela participação da Telecom Italia na Brasil Telecom. Compra deve ser fechada em 60 dias.

Os fundos de pensão dos empregados do Banco do Brasil (Previ), da Caixa Econômica Federal (Funcef) e da Petrobras (Petros) fizeram oferta de US$ 515 milhões (R$ 953 milhões) pela participação de 38% que a Telecom Italia detém na Solpart, holding que controla a Brasil Telecom (BrT) por meio da Brasilco. Pelo acordo firmado ontem, além da negociação das ações, as partes envolvidas na transação acertaram o fim de todos os litígios que travaram nos últimos anos e assinaram um Acordo de Exoneração Mútua, que proíbe novas demandas na Justiça. Na avaliação dos especialistas, com o avanço dos fundos de pensão no capital da Brasil Telecom, estará pavimentado o caminho para a fusão com a Oi, antiga Telemar, criando uma grande empresa de telefonia com capital nacional, um desejo já expresso pelo governo. As ações da BrT lideraram o processo de alta da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Subiram 5,15%. A expectativa do mercado é de que o negócio seja fechado em, no máximo, 60 dias. Nesse período, a Techold, que detém 62% das ações da Solpart, terá direito de preferência na compra das ações pertencentes à Telecom Italia nas mesmas condições propostas pelos fundos, conforme prevê a Lei das Sociedades Anônimas (S.A). Somente se a Techold abrir mão desse direito - o que será definido em assembléia de acionistas - , é que a parcela do capital da BrT pertencente à empresa italiana passará para as mãos das três fundações. Mesmo que a Techold exerça o seu direito, Previ, Petros e Funcef aumentarão suas participações na estrutura acionária da BrT. E que os três fundos também são acionistas da Techold, juntamente com o Citibank, o Opportunity, de Daniel Dantas, e outras fundações. O negócio terá que ser aprovado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Além dos litígios, a saída da Telecom Italia da estrutura acionária da BrT acabará com a sobreposição de negócios proibida pela lei brasileira. A companhia italiana é dona da TIM, gigante da telefonia celular. Como a Brasil Telecom opera nesse segmento, uma ou outra teria de deixar a telefonia móvel. Para a Telecom Italia, a oferta feita pelos fundos aliviará seu caixa, pois permitirá a redução do endividamento em 354 milhões de euros (R$ 920 milhões). "Será um bom negócio para todo mundo", disse Demetrius Borel Lucindo, analista da Fator Corretora. Segundo ele, os planos dos fundos para o mercado de telefonia são ambiciosos. Tanto que, no mesmo dia da oferta à Telecom Italia, a Previ informou ao mercado que venderá parte das ações que detém no Banco do Brasil (leia matéria na página 19). Com o dinheiro, o fundo dos empregados do BB terá os recursos para honrar a sua parte na compra das ações da BrT e estará capitalizado para bancar o que lhe caberá no processo de fusão da empresa com a Oi. "Se a fusão sair, os fundos certamente comprarão participações de outros acionista na Oi e farão oferta pública aos minoritários", afirmou o analista. Na sua opinião, a fusão contará com a Portugal Telecom, que entrará como minoritária na futura gigante de telefonia nacional. A empresa portuguesa está negociando a venda de sua participação no capital da Vivo para a espanhola Telefônica. MAIS CELULARES O mercado brasileiro de telefonia celular fechou o primeiro semestre de 2007 com 6,7 milhões de novos aparelhos em funcionamento. Ao todo, existem no Brasil 106 6 milhões de celulares. O balanço detalhado de junho foi divulgado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Os números confirmam que houve no mês passado crescimento de 1,5% em relação a maio, com 1,57 milhão de novos assinantes.