Foi uma festa o ato das Mulheres em Defesa de Dilma e da Democracia, no final desta sexta, em São Paulo. Como uma resposta ao desprezo que o presidente ilegítimo tem demonstrado por tantos valores, como a cultura, a chegada da presidenta eleita à Casa de Portugal, no bairro paulista da Liberdade, foi antecedida de shows de rap, música eletrônica, música de protesto, muito batuque e dança. Os discursos longos e inflamados, comuns a este tipo de atividade política dos movimentos sociais, cederam espaço a expressões de arte, próprias às celebrações.
A cineasta Tata Amaral acabou por resumir o clima do ato, quando foi uma das primeiras mulheres a falar no palco: "Nesses últimos 13 anos, a cultura nunca teve tanto espaço no Brasil. E em todas as suas manifestações, de maneira descentralizada, do Oiapoque ao Chuí".
A entrada de Dilma no palco, ocupado apenas por lideranças mulheres, fez rufar os tambores, literalmente. As baterias da UJS e do Levante Popular, que mostravam entusiasmo especial quando eram citadas lideranças dos partidos a que são ligados, deixaram as preferências clubísticas de lado e não pouparam esforços para saudar a presidenta.
Ela surgiu diante da plateia exatamente às 18h35.
Seguiram-se oito minutos de aplausos, música e o coro de "Volta Querida".
Houve, sim, em seguida, os tradicionais discursos que desafiam a equalização do sistema de som. Porém, em sintonia com o formato renovador do ato, foram discursos mais breves, menos numerosos e de conteúdo diferenciado uns dos outros, sem a repetição de abordagens.
Carmen Foro, vice-presidente da CUT, destacou que embora as mulheres e a juventude tenham menos espaços de poder político, conseguem realizar política na prática, e a própria organização do ato desta sexta é um exemplo dessa força, segundo ela.
Falando em nome do PT, a dirigente nacional Mônica Valente afirmou: "Temos a responsabilidade de somar esforços para trazer Dilma de volta para onde nunca deveria ter saído. Se não fizermos isso, colocaremos o futuro do país em risco", em referência às propostas de retirada de direitos e de desmonte de programas sociais do governo golpista.
Abraçada pela militância, Dilma viveu momentos de estrela, bem distante do que poderiam supor os que querem seu afastamento definitivo.
Dilma denunciou o golpe como uma expressão do machismo. Provocou: "Querem que a gente seja bela, recatada e do lar..." Foi interrompida pelo coro: "Que lar que nada, a mulherada tá na rua pra lutar".
A presidenta eleita afirmou que o golpe se caracteriza também como a tentativa de implantar medidas que "jamais seriam eleitas pelas urnas". Citou como exemplos a proposta de jornada semanal de 80 horas, feita nesta sexta pela CNI, e os cortes no Minha Casa Minha Vida. "É uma desfaçatez e cara de pau", classificou.
Demonstrando bom humor e num discurso breve, garantiu: "Eu não me entrego nunca". A plateia foi ao delírio e repetiu algumas vezes, em uníssono: "Volta, Querida". Dilma não fez nenhuma menção a medidas ou estratégias para garantir a derrubada do processo de impeachment no Senado. O ato se encerrou às 19h27.
Fonte: www.cut.org.br