CONTAG: Rurais definirão ações para barrar retrocessos no campo

14/03/2017 - 13:36

O 12 º Congresso da Contag acontece num momento de retirada de direitos. As trabalhadoras e os trabalhadores do campo, das águas e das florestas terão muitos desafios para o próximo período

Começou nesta segunda (13) o 12º Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CNTTR) da CONTAG em Brasília com mais de 2.500 delegados e delegadas representando todos os estados da Federação e com a participação especial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura das atividades.

Nos 53 anos de história e lutas da Confederação Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras da Agricultura Familiar (CONTAG), o 12º CNTTR acontece em um momento desafiador para a classe trabalhadora em geral, em especial para os trabalhadores e as trabalhadoras rurais, com um cenário de retrocessos nas políticas sociais e de retirada de direitos.

Aos gritos de “Fora Temer”, o presidente da CONTAG, Alberto Ercílio Broch abriu o Congresso afirmando que o fortalecimento da entidade será fundamental para enfrentar essa onda neoliberal. A venda das terras brasileiras para estrangeiros, a proposta de reformas da previdência e trabalhista, o fim de política públicas específicas para agricultura familiar, o fim do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Ministério da Previdência Social, entre outras propostas do governo ilegítimo de Michel Temer impactarão profundamente os povos do campo, das águas e das florestas.

Alberto destacou a importância de lutar contra o modelo de desenvolvimento patronal imposto por este governo ilegítimo e lembra que o Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS) da CONTAG que questiona o modelo hegemônico de desenvolvimento neoliberal imposto pelo governo sem voto de Michel Temer.

O PADRSS é uma referência política para o Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR), uma  alternativa de desenvolvimento para o Brasil que visa reforma agrária ampla, soberania e segurança alimentar, soberania territorial, fortalecimento da democracia participativa entre outros temas que fortalecem a luta e garante vida e moradia dignas para os os povos do campo, das águas e das florestas de todo o país.

As agricultoras e os agricultores familiares, responsáveis por 70% de alimentos que chegam nas nossas mesas e os principais responsáveis pela geração de emprego, definirão até a próxima sexta (17) o plano de luta para os próximos 4 anos baseados no atual momento político.

Para o presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas, a classe trabalhadora não pode permitir que esse governo que tomou o poder de uma presidenta eleita destrua todas as conquistas do povo brasileiro para defender a elite deste país. “Nós precisamos derrotar a reforma da previdência, porque nós vamos discutir um modelo público. Não tem como remendar este projeto, temos que ir pra rua e denunciar todos e todas parlamentares que votarem a favor deste desmonte. Eles serão denunciados na internet e nas ruas deste país como traidores da classe trabalhadora”.

A proposta de Reforma da Previdência quer igualar a idade mínima entre homens e mulheres de 65 com 25 anos de contribuição, acabar com a vinculação do salário mínimo do benefício da previdência, colocar fim no acúmulo da aposentadoria e a pensão morte e para ter a aposentadoria integral precisará trabalhar por 49 anos.

“Não é uma reforma da aposentadoria é o fim do direito de envelhecer com dignidade. Ou a gente reage agora ou a gente vai morrer trabalhando”, afirma Vagner.

O presidente da CUT fez um chamado especial para os delegados e delegadas do Congresso para estar nas ruas na próxima quarta-feira (15), no dia Nacional de Paralisação Nacional de luta contra a reforma da previdência, para derrotar a proposta de desmonte da aposentadoria deste governo ilegítimo de Michel Temer.

Para a secretária de Mulheres da CONTAG, Alessandra Lunas, agora é o momento do povo ir à rua. "Em tempo de desafio nesse país não há como fazer calar as trabalhadoras e os trabalhadores. Nosso lugar de reivindicar é nas ruas deste país". Lunas também citou a implementação da paridade nesse congresso e criticou o pronunciamento oficiall de Temer no dia 8 de março, dia internacional das mulheres. "Foi vergonhoso ver o presidente dizer que o lugar das mulheres é na cozinha. Dói também ver a Constituição Cidadã sendo rasgada com as reformas que só pensa no capital estrangeiro e sequer estão preocupados com a classe trabalhadora. Não desistiremos, ousaremos e estaremos sempre nas ruas dando o recado", concluiu.  

A dirigente lembrou emocionada da esposa de Lula, Marisa Letícia, e deixou um recado para os delegados e delegadas: "muitos desafios postos para o 12º congresso e a cada debate feito em nosso documento base serão fundamentais para definirmos como ir em frente diante desse golpe", finalizou.

Fonte: www.cut.org.br