Quando o monopólio sobe à cabeça, o sujeito perde inclusive a noção do ridículo. As propostas da Telefónica para a revisão da regulamentação do setor de telecomunicações incluem a redução nas obrigações de universalização, desoneração das metas de qualidade, revisão da metodologia de multas e sanções e revisão da interpretação do conceito de reversibilidade. Por fim, a cereja do bolo: utilização de bilhões de reais do contribuinte depositados no Fundo de Universalização das Telecomunicações – FUST como uma “bolsa telecom”.
Realmente, não existe medida para a ganância das operadoras, assim como para o seu cinismo. Chegamos ao fundo do poço com relação ao modelo privado nos serviços de telecomunicações criado em 1998. As empresas não cumpriram boa parte dos contratos de concessão, ignoraram as obrigações contidas Planos de Metas e de Universalização, deram calote em multas, se apoderaram dos bens públicos reversíveis e ainda querem mais dinheiro público.
Não satisfeita em reivindicar esses absurdos, a empresa ainda ameaça abandonar a concessão, se o poder público não lhe conceder mamatas. Como se o achaque fosse a coisa mais normal do mundo, um dos seus executivos declarou: caso não haja revisão, a União ficará encarregada de manter o funcionamento de um serviço que é, sabidamente, deficitário".
Se for por falta de adeus, a FITRATELP e os sindicatos filiados se despedem da Telefônica agora. Mesmo porque, não nos interessa uma empresa que atua em regime de oligopólio e mesmo assim ainda reclama de não ter lucro. É muita incompetência em um setor tão estratégico, mesmo sabendo que a especialidade da Telefônica não é telecomunicações, é a distribuição de dividendos, transferência de lucros e pagamento de salários milionários aos seus executivos.