Se vivo fosse, Dante não teria muito trabalho para imaginar o inferno. Bastaria conversar com um dos milhares de trabalhadores em tele-atendimento e Call-Center que trabalham na Contax. Foi o que fez a mega-operação do Ministério do Trabalho e Emprego, que durou dois anos e atuou em sete estados que, enfim, responsabilizou alguém pelas condições de trabalho desumanas na Contax. Uma vez que foi constatado que a Contax nada mais é do que intermediadora de mão-de-obra, o que no Nordeste a gente chama de «gato», as autoridades responsabilizaram os clientes da Contax , a saber: Oi, Vivo, Santander, Itaú, NET, Citibank e Bradesco, por abusos trabalhistas contra mais de 185 mil pessoas que prestam serviço de teleatendimento. O que é mais grave é que o tipo de abuso que pratica a Contax e seus cumplices é feito de forma estruturada, seguindo um método. A equipe do MTE definiu a principal violação sofrida pelos operadores de teleatendimento como «assédio moral estrutural pelo método de organização e administração por estresse»