Na avenida Paulista, Lula grita ao povo: “Não vai ter golpe”

21/03/2016 - 18:57

Em uma noite histórica em São Paulo, 500 mil manifestantes se reuniram para defender a democracia

Na noite dessa sexta-feira (18), 500 mil pessoas foram à Avenida Paulista, em São Paulo, para pedir por mais democracia no Brasil. O ex-presidente e agora ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva, foi ao evento e encerrou um discurso emocionado gritando para a multidão: “Não vai ter golpe.”

Durante toda a tarde e a noite, a Avenida Paulista não lembrava em nada o ambiente dos últimos dias, quando desfilaram por lá discurso de ódio e intolerância. A esperança e a alegria, carregada nos rostos que representam a diversidade brasileira, fizeram até mesmo Lula se comover.

“Ao completar 70 anos de idade, passando tudo que nós passamos juntos, sendo presidente do meu País, eleger a primeira mulher presidenta do Brasil, eu pensei que nada mais pudesse me emocionar”, afirmou o ministro, que justificou sua ida para Brasília, como ministro. “Ao aceitar ir para o governo, eu virei outra vez o ‘Lulinha Paz e Amor’. Eu não vou lá para brigar, eu vou lá para ajudar a Dilma a fazer as coisas que a gente precisa fazer para esse país”, explicou o petista.

O ex-presidente se mostrou, durante todo o discurso, preocupado com a violência. Nos últimos dias, inúmeras pessoas foram agredidas em manifestações da direita apenas por vestirem vermelho. “Eu não quero que quem votou no Aécio vote em mim, eu quero que a gente aprenda a viver de forma civilizada. Tem gente que ainda não aprendeu que a democracia é a única possibilidade que a gente tem”, afirmou Lula.

Ainda impressionado com a quantidade de manifestantes e o bom clima na Avenida Paulista, Lula lembrou que “não teve catraca do Metrô liberada”  e “nem convocação durante a semana inteira nos meios de comunicação.”

Já no final de seu discurso, Lula pediu que a oposição aceite a derrota nas urnas. “Eu perdi muitas eleições, em nenhum momento vocês viram eu ir para a rua protestar contra quem ganhou. Agora, eles acreditaram que iam ganhar. Eles não imaginavam que no segundo turno iam aparecer a juventude, intelectuais e artistas e viram o jogo. Faz um ano e três meses que eles estão atrapalhando a presidenta Dilma a governar esse País. Eles vestem roupa amarela e verde, para dizer que são mais brasileiros que a gente, mas no sangue deles corre sangue vermelho como o nosso”, encerrou o ministro.

Antes de Lula, o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, alertou a população para os riscos de um golpe à democracia. “Trabalhadores e trabalhadoras, o golpe é contra você. O que eles querem fazer é acabar com a CLT, com o 13º salário. E eu digo: golpistas, não passarão. As ruas são do povo e o povo respeita a democracia. Não vai ter golpe, mas vai ter o maior líder da história desse País em Brasília.”

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), lembrou que a manifestação de hoje não contava apenas com petistas. “Não é um ato em defesa de um governo e de um partido, é um ato em defesa da República Federativa do Brasil. É um ato que convida a todos os democratas, independente de sua orientação política, a defender a democracia. Nós temos que ter clareza que corremos um risco muito grande. Nós temos que defender a segurança jurídica e constitucional de todos, até de quem estava aqui no último dia 13.”

Durante as mais de cinco horas do ato, nenhum conflito foi registrado e nem violência por parte de manifestantes contra opositores.

Colaboraram: Luiz Carvalho e Isaias Dalle Nogare

Fonte:www.cut.org.br