O que esperar de uma empresa formada no limite da irresponsabilidade por um consórcio apelidado de Telegangue, senão a ruína? Somente os ingênuos ou mal-intencionados acreditaram que uma empreitada dessa natureza pudesse resultar em qualquer ganho para a sociedade brasileira. E quem autorizou, acobertou e participou desse crime? Os mesmos que, agora, estão no governo, dando lições de moral aos brasileiros.
Porque, se uma parte da Telegangue é privada, a outra é pública. Enquanto a parte pública (nós) irá pagar a conta, a outra parte (eles) já saiu da mesa de fininho, e com dinheiro no bolso. Quem não se lembra dos Jereissati, da Andrade Gutierrez, do Daniel Dantas? Pois é, estão todos soltos e continuam indo muito bem, obrigado. O mesmo não se pode dizer dos mais de 50 mil trabalhadores demitidos na Telemar, BrT e Oi. E quem não foi demitido, foi terceirizado, precarizado, teve rebaixa-dos seu salário e condições de saúde e segurança no trabalho. A bem da verdade, a Oi nunca teve executivos preocupados com o futuro da empresa, ela sempre foi gerida por capatazes de gravata.
De fato, a Oi sempre foi uma empresa sem futuro, mas com um passado bem complicado. Quem conhece a história do processo de privatização, fica com uma certa inveja dos Russos e da sua máfia de oligarcas. São amadores perto dos profissionais do PSDB e da cleptocracia brasileira. Aqui, não foi preciso o colapso de todo um regime para que o patrimônio do Estado fosse dilapidado. Tudo foi feito à luz do dia, sob as bênçãos de um governo entreguista, de uma mídia conivente e de uma classe política venal, facilmente cooptada.
Nós, da FITRATELP, que somos denunciantes de primeira hora desse crime de lesa pátria, lamentamos profundamente ter tido razão. O que se passa atualmente foi descrito nos boletins e jornais que vimos publicando, desde a privatização do Sistema Telebrás e Embratel. Todo o esforço que fizemos para a criação uma empresa pública, a serviço da inclusão e do desenvolvimento tecnológico, todo trabalho de uma geração inteira de engenheiros, técnicos e especialistas se transformou nessa empresa de fachada, agora quase falida. Faliu, mas não sem antes remunerar regiamente seus executivos e acionistas e acobertar opera-ções financeiras obscuras de seus controladores, especialmente na Fundação Atlântico, o fundo pensão dos trabalhadores da empresa, mais ameaçado do que nunca neste momento.
Diante desse caos corporativo, apogeu da incompetência e da corrupção, os trabalhadores da Oi, assim como os participantes e pensionistas da Fundação Atlântico, precisam estar unidos em torno de suas entidades sindicais e representativas, a fim defender o seu emprego e as suas aposentadorias. Temos um papel fundamental nesse processo. Nenhuma empresa pode se recuperar sem a participação, o apoio e a confiança dos seus trabalhadores. Ou a companhia passa a respeitar e valorizar os seus profissionais, ou será realmente o seu fim.